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Kepler descobre sistema solar com seis planetas


A NASA anunciou dia 02.02.2011, a descoberta de um sistema planetário com seis planetas em órbita de uma estrela parecida com o Sol, mas mais fria. Os seis candidatos a planetas foram detectados pela missão Kepler, que desde 2009 já identificou 1235 potenciais planetas, cerca de 68 com um tamanho parecido com o da Terra. Cinco dos novos planetas estão na chamada zona habitável da sua estrela, ou seja, em teoria poderão ter água em estado líquido e até albergar vida. 

O "sol" deste sistema planetário foi baptizado de Kepler-11 e está a 2 mil anos-luz da Terra. Dos seus planetas, o que segue uma órbita mais perto da estrela está dez vezes mais perto da Kepler-11 do que a Terra do Sol. Já o mais afastado está a meia distância, o que leva os investigadores a crer que as temperaturas à superfície sejam demasiado elevadas para existir vida como a conhecemos.

Para os investigadores da equipa Kepler, a descoberta demonstra mais uma vez o potencial da sonda. "O avanço histórico que a Kepler consegue a cada descoberta vai determinar o curso das futuras missões em torno dos exoplanetas", disse em comunicado Douglas Hudgins, um dos cientistas envolvidos na missão. Até ao momento, a sonda Kepler percorreu apenas 1/400 do céu. "O facto de termos encontrado tantos candidatos a planetas numa fracção tão pequena do universo sugere que há inúmeros planetas a habitar estrelas como o Sol na nossa galáxia." Até ao momento foi confirmada a existência de 525 planetas fora do sistema solar.



Segundo o astrônomo Jonathan Fortney, da Universidade da California em Santa Cruz, a estrela batizada de Kepler-11 e seus planetas estão descritos na edição desta quarta (2) da revista Nature. O trabalho pode trazer novas compreensões sobre sistemas planetários segundo Fortney, um dos autores do estudo. “Em nosso próprio sistema solar conseguimos entender melhor nossos planetas [..] comparando as semelhanças e diferenças entre eles. Podemos fazer algo semelhante com esses seis planetas. Temos evidências fortes de que a atmosfera de cinco deles [os mais internos] é dominada por hidrogênio. Com isso podemos entender melhor o processo de 'evaporação' delas”, explica o astrônomo.


Os cinco planetas mais perto da Kepler-11 já são um dos menores a terem massa e tamanho medidos por cientistas – o menor deles, chamado Kepler-11b, tem raio de 1,97 vezes o da Terra e massa de cerca de 4,3 vezes maior que o do nosso planeta. A Kepler irá continuar a enviar dados sobre os planetas e, com a análise deles, mais detalhes sobre eles serão conhecidos.


De 1200 candidatos a planeta, 54 potencialmente habitáveis


A busca por novos planetas, no entanto, não para. A Nasa anunciou nesta quarta que em seus 4 meses de envio de dados a Kepler detectou 1235 candidatos a planetas. “Foram detectados 115 sistemas com dois planetas, 45 com três, 8 com quatro e 1 com cinco [...] Todos eles devem ser considerados candidatos ainda pois, diferentemente do Kepler-11, não temos a confirmação de sua massa [a Kepler mede apenas os raios dos planetas e não suas massas]”, afirmou Fortney.


A Kepler, no entanto, ainda não achou um planeta com características semelhantes às da Terra. Ou seja: rochoso, com translação de centenas de dias e considerável pelos cientistas como habitável: ou seja, com a presença de água e condições favoráveis à vida. "A Kepler encontrou 54 candidatos a planeta na zona habitável", afirmou William Boroucki, principal cientista da missão Kepler durante coletiva da Nasa. "Serão necessários ao menos 3 anos de análise de dados da Kepler em conjunto com dados de telescópios localizados na Terra para confirmar esses dados", disse Douglas Hudgins também da missão Kepler durante a coletiva. Destes 54 candidatos a planetas na zona habitável, cinco são de tamanho similar à Terra e os outros 49 vão de até 2 vezes o tamanho da Terra a maiores do que Júpiter.


Apesar de a tarefa de encontrar planetas fora do sistema solar ser cada vez mais frequente, o financiamento para o trabalho não tem sido fácil. Os astrônomos têm tido que correr contra o tempo para detectar planetas enquanto missões bilionárias específicas para a busca de outras Terras são canceladas, como foi o caso da Missão Espacial de Interferometria que iria buscar especificamente planetas com massa e órbita semelhantes à da Terra em estrelas próximas e semelhantes ao Sol.



A PARALAXE DE HIPARCO


COLOQUE O DEDO indicador em linha e afastado do nariz a uma distância razoável. Feche o olho direito; de seguida o olho esquerdo. Como que por magia, o dedo parece que se move; trata-se de um jogo em que a distância entre os olhos, o ângulo do deslocamento (chamado paralaxe) do dedo e a distância entre os olhos e o dedo são simples questões trigonométricas. Quanto mais longe estiver o dedo, menor será o ângulo do deslocamento. E assim também se calculam as distâncias relativamente às estrelas: mede-se a posição da mesma numa determinada data (olho direito), repete-se o exercício seis meses depois (olho esquerdo) e calcula-se a paralaxe para se obter a distância.

São ângulos absurdamente pequenos, o que torna a medição uma tarefa desafiante. Hiparco, no século II a. C., mediu essa paralaxe para 118 mil estrelas com uma precisão notável. Imagine medir o diâmetro de uma moeda de 1€ a uma distância de 5000 km!

Da mesma maneira, o contemporâneo telescópio Kepler mede a variação do brilho de uma estrela quando um planeta do tamanho da Terra passa à sua frente para descobrir novos mundos. Essa variação e o tempo que demora dão informações preciosas sobre as dimensões dessas Terras.

Adivinhou: essa variação também é terrivelmente pequena! Liguemos 10 mil lâmpadas ao mesmo tempo. Radioso espectáculo! Retiremos uma, liguemos as restantes 9999. Notou a estrondosa diferença? É nesta ínfima subtileza que contemplamos, abismados, a nossa doce descoberta do Cosmos!


Fonte: Planetary Society


VEJA A CONFERÊNCIA DA NASA


PARTE 1

PARTE 2

PARTE 3



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